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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

AS GINÁSTICAS DE ONTEM RUMO AS GINÁSTICAS DE HOJE

CELER FACULDADES
CURSO : EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHARELADO
PROFESSORA: DANIELA ZANINI
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DA GINÁSTICA


Texto: Roberta Gaio
PUC Campinas
Ana Angélica Góis
FIEL Limeira
Palavras-vhaves: Ginástica, Gênero, História.

AS GINÁSTICAS DE ONTEM RUMO AS GINÁSTICAS DE HOJE

Antes mesmo de planejarmos nossas atividades gímnicas, a vida nos planejou escolhendo o tipo de ginástica que homens e mulheres podiam praticar. Vida essa, fruto de ações de homens que detinham o poder e de mulheres que se submetiam às ordens e determinações. Daquele tempo até os dias atuais, “tudo está mudando, mas nada mudou” (BRANDÃO, 1997, p. 57)
A realidade social de hoje, aparentemente pouco tem haver com a realidade
social de ontem, mas é resultado de um conjunto de ações, que processualmente foi transformando a forma de ser e de viver dos seres humanos e construindo uma nova cultura corporal de movimento. O hoje é conseqüência do ontem e influenciará o amanhã, em todos os aspectos inclusive o porquê, quando e como se movimentar; onde e de que forma praticar ginástica.
Segundo Gaio (2006, p.13)
O universo da Ginástica, isto é, as Ginásticas existem nos dias de hoje a partir dos movimentos que foram sistematizados por longos anos de existência da humanidade, e esse conteúdo da Educação Física atende, atualmente, aos interesses e às necessidades do ser humano na realidade presente.

Não é novidade afirmarmos que, desde os primórdios da humanidade, a atividade física acompanha o ser humano como uma manifestação fundamental para sua existência. Nossos irmãos da caverna sobreviveram e viveram pelo movimento.
Todas as atividades humanas durante o período que se convencionou denominar pré-histórico dependiam do movimento. Ao analisarmos a cultura primitiva em qualquer das dimensões, vemos a importância das atividades físicas para os nossos irmãos das “cavernas”.
Porém, estudarmos a origem dos exercícios físicos, em especial os movimentos que são denominados como Ginástica e sua importância ao longo dos anos para o ser humano historicamente situado é algo que nos remete a entender cada tempo e as atitudes culturais frente ao mundo e seus problemas, passado e presente.
Barbanti (1994, p. 24) em seu “Dicionário da Educação Física e do Esporte” relata que:
O termo Ginástica originou-se aproximadamente em 400 a.C. É derivado de Gymnós, que quer dizer nu, levemente vestido, e geralmente se refere a todo tipo de exercícios físicos para os quais se tem que tirar a roupa de uso diário. Durante o curso da história as interpretações de Ginástica variam.

Sabe-se que a Ginástica, no período histórico denominado de Antiguidade, era recomendada somente para os homens, com objetivo de desenvolvê-los fortes e musculosos, esteticamente perfeitos para proteger a pátria. Gaio (2006, p.13) comenta que “a origem da Ginástica se confunde com a da Educação Física”.
Contudo, vários autores, entre eles, Langlade;Langlade (1970) nos lembra que, de todos os períodos histórico-evolutivos, é o Renascimento que marca a origem de um novo olhar para os exercícios físicos, em especial para a Ginástica, com grandes contribuições que até hoje nos influenciam.
É no século XVIII que vamos encontrar os percussores de uma Educação
Física que se firmaria no horizonte pedagógico dos demais séculos. A Ginástica renasce como uma atividade física, ou melhor, como um conjunto de exercícios sistematizados para cuidar do corpo, território até então proibido pelo obscurantismo religioso da Idade Média.
Langlade; Langlade (1970) afirmam que a Ginástica nasceu a partir de 1800 e foi sistematizada frente ao sentido anatomo-fisiológico de corpo e, se desenvolveu através dos Métodos Alemão, Sueco e Francês.
Segundo Soares (1994, p.64) temos:

A partir do ano de 1800 vão surgindo na Europa, em diferentes regiões, formas distintas de encarar os exercícios físicos. Essas formas receberão o nome de métodos ginásticos (ou escolas) e correspondem, respectivamente, aos quatro países que deram origem às primeiras sistematizações sobre a ginástica nas sociedades burguesas: a Alemanha, a Suécia, a França e a Inglaterra (que teve um caráter muito particular, desenvolvendo de modo mais acentuado o esporte).Essas mesmas sistematizações serão transplantadas para outros países forma do
continente europeu.

Batista (2006) nos diz que os métodos europeus de Ginástica tinham características rígidas, de movimentos sistematizados e padronizados, pautados por finalidades político-sociais, que determinavam um trabalho moral e cívico com a sociedade e, que também, por influência, foi adotado no Brasil.
Goellner (2003, p.37) relata:

A ‘ginástica’ compreendia diferentes práticas corporais, como por exemplo, exercícios militares de preparação para guerra, acrobacias, danças, cantos,corridas, jogos, esgrimas, natação, marchas, lutas, entre outras. Estava voltada para a formação do caráter, para a potencialização da energia individual, para a aquisição da força, resistência, agilidade, enfim, para a formação de um sujeito moderno, constituídor de novos tempos cujo corpo a ser produzido e valorizado estava pautado pela lógica do rendimento, da produtividade e da individualização das aparências.

A história da Educação Física no Brasil registra, primeiramente, a implantação da Ginástica alemã por volta de 1860, como método oficial do exército brasileiro e, por volta de 1912 é substituído pelo método francês. (SOARES, 1994)
Já nas escolas brasileiras, é também o método alemão o primeiro a ser trabalhado. Porém, Rui Barbosa primeiro e Fernando Azevedo depois, combateram seu desenvolvimento para as escolas, atribuindo ao método sueco maior adequação aos estabelecimentos de ensino, dado ao seu caráter pedagógico. (SOARES, 1994)
Quanto ao método francês, esse foi adotado no Brasil em 1921 através do
decreto nº 14.784, que em seu artigo 41 consta:

...Enquanto não for criado o ‘Método Nacional de Educação Física’, fica adotado em todo o território brasileiro o denominado Método Francês, sob o título de ‘Regulamento Geral de Educação Física. (MARINHO, 1980, P.57)

E atualmente o que podemos identificar? Como se apresenta a Ginástica neste universo rico, complexo e subjetivo do movimento humano?

Sabemos que a Ginástica na contemporaneidade esta dividida em competitiva e não competitiva. As Ginásticas competitivas são organizadas e regulamentadas pela Federação Internacional de Ginástica e, as não competitivas são atividades que têm vários objetivos tais como: educacional, terapêutico, lazer,condicionamento, apresentação artística, entre outros. Tanto as ginásticas competitivas como as não competitivas são praticadas por ambos os sexos, mantendo ainda algumas diferenças fruto de conceitos e preconceitos existentes em tempos remotos.
Diferenças essas, por exemplo, relacionadas à expressão do movimento, no qual o ritmo definido pela música produz conseqüentemente o tipo de movimento a ser executado, isto é, movimentos quadrados característicos dos homens e redondos das mulheres; os aparelhos utilizados para expressar e combinar movimentos gímnicos são definidos de acordo com as características dos sexos, sendo, por exemplo, a fita um aparelho feminino e o bastão masculino; as capacidades físicas que são desenvolvidas e exploradas para cada tipo de ginástica podem caracterizar a execução de um movimento feminino ou masculino, como força uma capacidade presente nas argolas masculinas e leveza e flexibilidade no solo feminino.
Essas e outras diferenças acabam por delimitar ainda, o universo feminino e o masculino nas Ginásticas competitivas.
Mas os homens e as mulheres praticam, atualmente, as ginásticas não competitivas com objetivos diversos: estética, saúde, qualidade de vida, prevenção, lazer,ente outros.
Hoje o corpo esta em foco. Baseado em conceitos de saúde, de padrão de beleza, de qualidade de vida, entre outros, o ser humano se sente cada vez mais impulsionado a cuidar do corpo.
Moreira prefaciando o livro “A Ginástica em questão: corpo e movimento” de Gaio; Batista (2006, p.5) diz:

O século XX caracterizou-se, segundo pensadores contemporâneos, pelo fato de o ser humano redescobrir o corpo, declinando um pouco a ênfase na lógica cognitiva racionalista. Esses mesmos pensadores apontam, provavelmente, para o fato de que século XXI possa se constituir com a era do corpo ativo’, na qual se buscará, calcando-se em conceitos de qualidade de vida, uma existência em que valores da corporeidade possam se pronunciar.

(DES)CONVERSANDO SOBRE GÊNERO E A PRÁTICA DAS GINÁSTICAS
Por muito tempo a mulher ficou distante das práticas corporais tais como ginástica, esportes, lutas, entre outras e, por fatores biológicos ela era considerada frágil e necessitada de cuidados, pois sua única função era se preparar para o parto e ser uma boa mãe e dona de casa, a cuidar dos filhos, marido e dos afazeres domésticos.
Tubino (1992) nos lembra que as mulheres foram discriminadas nos esportes desde os Jogos Olímpicos da Antiga Grécia, os quais elas não participaram e nem podiam assistir. Já nos Jogos Olímpicos da Era Moderna as mulheres começam a participar, em pequeno número, no século XX, mas especificamente na década de 20, contrariando as idéias do Barão de Coubertin que acreditava que para o sexo feminino somente a glória de coroar os grandes campeões: eles, os homens.
Atualmente a mulher vem ocupando seu espaço na sociedade e em especial na prática de atividades corporais. Nos esportes já é grande o número de mulheres a competir nos Jogos Olímpicos, Jogos Paraolímpicos e em outras competições internacionais. Muito temos para conversar sobre gênero a partir da prática de atividades corporais, em especial, da prática de movimentos ginásticos, considerando o tempo e o espaço valemo-nos das palavras de Goellner (2003, p.38) para encerrar no momento essas reflexões preliminares sobre atemática: “o corpo que hoje temos, vivemos e sentimos incorporou muito dos valores em voga naquele tempo. Alguns destes valores guardam em nós suas reminiscências, outros perderam importância ou deles não sobraram vestígios”.

Referências
BATISTA, J.C.de F Discussões sobre a disciplina Ginástica de Academia no curso de
Educação Física: possibilidades de encontro in GAIO, R. & BATISTA, J.C. de F A
Ginástica em questão: corpo e movimento. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2006.

BRANDÃO, C.R. Aprender, aprender na cultura, aprender culturas em mudança in
CASALI, A. et al Empregabilidade e Educação: novos caminhos no mundo do trabalho.
São Paulo: PUC, 1997.

CARVALHO, R.B. & GAIO, R. Os Jogos Olímpicos e o turismo: uma visão sócio
econômica in REVISTA MOVIMENTO E PERCEÇÃO, vol. 6, nº8, UNIPINHAL, 2006
CASALI, A. et al Empregabilidade e Educação: novos caminhos no mundo do trabalho.
São Paulo: PUC, 1997.
GAIO, R. & BATISTA, J.C. de F A Ginástica em questão: corpo e movimento. Ribeirão
Preto: Tecmedd, 2006.
GAIO, R.; CIONE, L. de S. Ginástica especial para os diferentes: reconhecendo limites e
descobrindo possibilidades in GAIO, R. & BATISTA, J.C. de F A Ginástica em questão:
corpo e movimento. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2006.
GOELLNER, S.V. A produção cultural do corpo in LOURO, G.L.; NECKEL, J.F.;
GOELLNER, S.V. Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação.
Petrópolis: Vozes, 2003.
LANGLADE, A.; LANGLADE, N.R. Teoria General de la Gimnasia. Buenos Aires:
Editorial Stadium, 1994.
LOURO, G.L.; NECKEL, J.F.; GOELLNER, S.V. Corpo, Gênero e Sexualidade: um

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